Pedaços de Alcongosta

Instantâneos da Terra da Cereja

27 junho 2008

Origens de Alcongosta

Numa pesquisa na net o João Nuno Fortunato encontrou o seguinte texto sobre as origens de Alcongosta e enviou para o Pedaços de Alcongosta.

"Freguesia situada em plena serra da Gardunha, Alcongosta ocupa uma área de 7,48 km2. A sua instituição paroquial deve ser do século XIII.
A existência do território desta freguesia numa região arqueologicamente muito documentada faz supor que o seu povoamento é não apenas anterior à nacionalidade, mas de épocas provavelmente muito mais recuadas. Os cumes vizinhos forneciam fácil defesa e abrigo às populações primitivas, mas não é possível afirmar se houve uma persistência contínua de habitantes desde os primeiros tempos. A toponímia também não dá uma grande ajuda, parecendo até que os principais topónimos da freguesia indicam nomes do repovoamento nacional. Alcongosta é um daqueles interessantes topónimos em que o artigo arábico al aparece aplicado a um nome de origem latina, que deve ter aqui um sentido topográfico, de passagem apertada, entre elevações.
O território de Alcongosta foi certamente repovoado nos fins do século XII com a Covilhã, em cujo termo se situava; no entanto, não se trata de povoamento efectuado pelo concelho da Covilhã, visto que Alcongosta foi desde logo honra, que não fazia foro à vila nem à coroa. Que o foi desde logo, diz-se nas Inquirições de 1290, ano em que não havia conhecimento e muito menos lembrança de ter existido na localidade estado diferente – o que leva a crer ter ele sido sempre de honra. Houve aqui casais de diversos privilegiados como D. Lourenço Soares, D. Urraca Afonso, João Esteves e a Ordem do Templo. D. Dinis considerou esta honra legítima mandando ficar tudo como estava, e a mesma assim se conservou pois que as Inquirições de 1395, de D. João I, demarcando o reguengo de Alcambar, dão-lhe por limite, em certa parte, a localidade de Alcongosta que não aparece reguenga.
Alcongosta deve ser um dos maiores centros produtores de cestos de verga do nosso País. Quase porta sim, porta não, encontra-se aqui um cesteiro a trabalhar. Já José Germano da Cunha dizia em 1892 que “uma grande parte dos habitantes de Alcongosta empregam-se no fabrico de cestos e cestas de verga de castanho. Pena é que se não faça uso desta madeira para objectos de mobília e utensílios, que além de oferecerem muita resistência e duração, poderiam ser de bonita aparência”. Esta actividade de cestaria é hoje, de certo modo, paralela à maior produção da freguesia: a cereja.
Toda esta encosta da Gardunha era em tempos revestida de enormes castanheiros. No caminho antigo que dá acesso a esta aldeia, no sítio das Tapadas, existia um, o chamado “Castanheiro de Alcongosta” ou “Castanheiro Grande”, que morreu por volta de 1920 e cujo tronco media 18 metros de perímetro e a copa 20 metros de diâmetro. Sousa Pimentel perpetuou-o na sua magnífica obra “As árvores giganteias de Portugal”. Do que foi serra de grandes soutos, repositório da floresta antiga, mater antiquíssima vinda de antes da história, à serra da Gardunha resta-lhe pouco mais que um esqueleto, arquitectado de granito, de que recentes incêndios consumiram de vez o coberto vegetal. Pedra de pedra sobreposta, fragões, monólitos semeados a esmo. Outros sobrepondo-se sem nexo, escalonados ao arbítrio da bizarria geológica. Aqui na área de Alcongosta situa--se a Casa do Guarda, com uma bela alameda de castanheiros antecedendo a casa solitária. Desta há um estradão para o posto de vigia de incêndios, com troços de cascalho e pedra solta. Aqui, no posto de vigia, e a justificar a sua implantação, a vista pasma de espanto pelo dorso da serra, pelas baixas imensas, terras de cultivo. Para o lado do Fundão, o anteparo da Gardunha, os três primos de cabeços suaves, cor de terra e de erva, o verde da vegetação recortado por imensos cerejais ou floresta.
Alcongosta foi berço de Soror Filipa de São Tiago. Professou e foi abadessa no há muito desaparecido convento de franciscanas de S. Vicente da Beira. Viveu no século XVII e escreveu a história da fundação daquela casa religiosa, criada em 1618.
Também desta freguesia parece ter sido a criança que, segundo a lenda, encontrou a imagem de Nossa Senhora da Gardunha, para aqui trazida pelos egitanienses quando tiveram de abandonar Idanha-a-Velha. Ante a ameaça dos mouros, a imagem acabaria por ser escondida numa gruta. Séculos depois, uma mulher de Alcongosta foi à serra buscar lenha, levando consigo uma filha de tenra idade, que se perdeu por entre o mato. Encontrou-a ao fim de nove dias dentro de uma lapa, e perguntando-lhe onde estivera e quem a sustentara, a menina respondeu que fora uma “Senhora Tia” que naquela casa morava e que lhe dava sopas de leite a comer e água por uma campainha. A mãe viu então a santa imagem e foi dar parte ao pároco de Alcongosta que a foi buscar e, no meio de grande festa e alegria, a levou para a sua igreja colocando-a no altar-mor. Como diz Frei Agostinho de Santa Maria, “daqui procedeu ficarem os priores daquele lugar com a posse da Senhora, e juntamente com as ofertas e emolumentos daquela casa, que fica distante de Alcongosta uma légua”."

5 comentários:

Anónimo disse...

será k esta foto nos mostra o monumento a cereja, k tanta polemica gerou?????????????????????????????

Anónimo disse...

Boa ideia Nuno, não só as actualidades e recordações de Alcongosta merecem referencia. A origem e história da freguesia também são pontos fundamentais para quem não conhece a freguesia.

Anónimo disse...

Se calhar consideram o autocolante posto em cima da pintura do placar o monumento. Já não é mau de todo que aquilo até estava a precisar de pintura nova.

Anónimo disse...

Alguém que tenha um marcador pode ir lá por o hífen no meio do bem-vindo? Ai estes gráficos! De qualquer forma, já vi pior. Há localidades que têm benvindo, assim mesmo, quando escrito dessa forma é um nome próprio.

Anónimo disse...

antes de mais quero dar os meus parabens ao nuno, teve uma excelente ideia. quanto ao placar acho que está muito engraçado, podiam fazer o mesmo aos outros dois,o das pedralvas e o da quinta da serrana,ja que o dinheiro recebido das inscrições da festa da cereja não foi gasto onde devia, ou seja, na festa da cereja, de certeza que dava para pagar a uns grupos de percurção ou a uns acordeonistas para animarem a festa, que o gastem nos placares.
aquela frase é que não fica nada bem "solar da cereja", deve ter sido inventada por algum turista que não sabe que desde sempre alcongosta foi a terra da cereja ou a capital da cereja.não estou a ver nenhum alcongostense a identificar-se com esta frase, se calhar nem quem a inventou.
espero que reconsiderem e reparem que foi um erro e a mudem

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