A República Portuguesa é quase centenária. Assinalam-se hoje os 99 anos da sua instauração em Portugal, a 5 de Outubro de 1910.
Não se pode dizer que os ideais revolucionários tenham sido de imediato, ou plenamente, implementados ou bem sucedidos. Ao longo destes quase cem anos houve muitas derivações. Os problemas e instabilidade iniciais, os muitos anos de ditadura.
Ainda hoje me parece evidente que que a República padece de algumas debilidades, mas sem dúvida que mesmo uma República doente é incomparavelmente melhor a uma monarquia. Pudemos passar a eleger os nossos "reis", e quando vemos que estão a passar da validade, quando não concordamos com o caminho seguido, podemos ciclicamente votar num novo. Podemos até, imagine-se, propormo-nos a substituí-lo.
Há 99 anos a hereditariedade deixou de ser requisito imprescindível para governar, para ascender ao poder. Deixou de estar estabelecido que um indivíduo que nasce num berço em particular é, à partida, ainda antes de ser gente, mais capaz que todas as outras pessoas. Certas "elites" deixaram de ter direitos adquiridos à nascença. A principal figura da nação deixou de se perpetuar no tempo. (Imaginem um Soares ou um Cavaco vitalício).
Apesar das lacunas e da constatação de que a igualdade é apenas ilusão, saudemos a República e esperemos por um melhor funcionamento da nossa democracia parlamentar. Ou então aclamemos o tal do rei sem trono, D. Duarte e sua Sabelinha. Ou uma perspectiva talvez mais cómica: o outro, o fadista, que também se diz pretendente ao trono. Peço agora a vossa real permissão para me ausentar para ir ali dar umas gargalhadas que me provocam tal cenário.
Não se pode dizer que os ideais revolucionários tenham sido de imediato, ou plenamente, implementados ou bem sucedidos. Ao longo destes quase cem anos houve muitas derivações. Os problemas e instabilidade iniciais, os muitos anos de ditadura.
Ainda hoje me parece evidente que que a República padece de algumas debilidades, mas sem dúvida que mesmo uma República doente é incomparavelmente melhor a uma monarquia. Pudemos passar a eleger os nossos "reis", e quando vemos que estão a passar da validade, quando não concordamos com o caminho seguido, podemos ciclicamente votar num novo. Podemos até, imagine-se, propormo-nos a substituí-lo.
Há 99 anos a hereditariedade deixou de ser requisito imprescindível para governar, para ascender ao poder. Deixou de estar estabelecido que um indivíduo que nasce num berço em particular é, à partida, ainda antes de ser gente, mais capaz que todas as outras pessoas. Certas "elites" deixaram de ter direitos adquiridos à nascença. A principal figura da nação deixou de se perpetuar no tempo. (Imaginem um Soares ou um Cavaco vitalício).
Apesar das lacunas e da constatação de que a igualdade é apenas ilusão, saudemos a República e esperemos por um melhor funcionamento da nossa democracia parlamentar. Ou então aclamemos o tal do rei sem trono, D. Duarte e sua Sabelinha. Ou uma perspectiva talvez mais cómica: o outro, o fadista, que também se diz pretendente ao trono. Peço agora a vossa real permissão para me ausentar para ir ali dar umas gargalhadas que me provocam tal cenário.
3 comentários:
Pois, este é o género de reflexão fácil. Pedia-lhe só seguinte exercício olhe para a Espanha, Iglaterra, Suécia, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, Holanda... Acha mesmo que a «pior» República (por exemplo, sem querer ofender ninguém, a Croácia) é melhor do que a melhor das Monarquias (como a Holanda...?) Caro amigo: o apriorismo é inimigo da reflexão crítica. O que se comemora nestes 99 anos? 48 desses anos foram Ditatura Fascista; mais uns quantos de Ditadura simples (Sidónio, Pimenta de Castro). Afinal o que sobra? Entre 1910 e 1923 houve perseguições aos sindicalistas e impedimento de comemorar livremente o 1º de Maio; Censura, presos políticos (republicanos críticos; o socialismo foi banido pelo anti-sicialista primário que foi Afonso Costa (veja-se Oliveira Marques, «Afonso Costa»); o eleitorado foi reduzido (em relação às últimas eleições da Monarquia de Agosto de 1910) em 30%!!!!! Sabia, por exemplo que D. ManuelII era adepto do socialismo, e por isso se empenhou em reestruturar o Partido Socialista Português, juntamente com os dois ideólogos portugueses socialistas,Aquiles Monteverde e A. Gneco? São estas verdades cruéis da História de Portugal que as comemorações do Centenário pretendem esconder? Eu sei, Sr. Prof. Cavaco, que estas coisas lhe pesam na alma... Mas quem estuda a História a fundo, não sabe mentir, nem se cala...
E os monárquicos oportunistas do Fundão?
cho que actualmente, excepto talvez na França, o Presidente da República é mais uma figura representativa do que qualquer outra coisa e ser um Presidente ou um Rei vai dar ao mesmo. A diferença está mesmo no facto de qualquer cidadão poder ser presidente e nas monarquias só uma determinada família poder ter privilégios a isso.
No essencial, no poder executivo e no legislativo, afinal os órgãos activos de governação, os cidadãos continuam a poder eleger os seus representantes seja numa república (democrática) seja numa monarquia parlamentar.
Por outro lado não nos podemos esquecer que nas monarquias atrás enunciadas pelo Anónimo, os cidadãos têm carinho pelos seus reis, vendo-os como símbolos e não como governantes.
Quanto aos "99 anos da República", ontem o Mário Soares realçou um aspecto importante que foi o facto de, desses 99 anos, quase 50 anos terem sido de Ditadura (militar e civil) e não de República.
Quanto à perspectiva de um rei fadista, creio que para além de ser mau cantor, daria um fraco rei. Ele que se fique pelo fado cantado aos amigos toureiros.
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