Pedaços de Alcongosta

Instantâneos da Terra da Cereja

Aprovação de uma emenda de última hora, com o voto do PS e a abstenção do PSD, abre a possibilidade de empresas públicas negociarem excepção com o governo.

Como acontecia na quinta do George Orwell, todos os porcos são iguais, mas uns são mais iguais que outros.

Se outros motivos não existissem para a Greve Geral que hoje decorre, este seria um prato cheio servido de injustiça e justificável indignação. Todos os sectores da sociedade são afectados com os cortes nos diversos domínios. A quem tem salários mais elevados na função pública seria também pedido um esforço suplementar, mas afinal há filhos e enteados...

O regabofe dos sucessivos governos, que conduziu o país a este cenário, merecia este voto de protesto. Infelizmente é evidente que a Greve Geral de hoje não passa disso, a exibição de um cartão vermelho, sem qualquer consequência prática. Até porque, demagogias à parte, a situação a que a canalha política nos conduziu exige a aplicação de algumas das medidas tão contestadas. Embora todos saibamos que são sempre os mesmos a pagar a factura.

Tenho especial apreço por quem, com baixos salários, se atreve a abdicar de um dia do vencimento, ainda que se saiba que a greve é mais um prego no caixão da debilitada situação em que nos encontramos.

Constato que quem mais adere à greve é quem menos motivos tem para paralisações, como é o caso dos médicos, que se queixam de barriga cheia, numa pose insultuosa para quem efectivamente está em dificuldades.

Por último, lamento que muitas pessoas com fundadas justificações para este grito de revolta sejam quem mais constrangimentos sente para aderir a greves e, mesmo com salários em atraso, aumentos de IVA, redução de deduções fiscais e afins, que vão reduzir ainda mais o seu poder de compra, seja justamente quem não se possa manifestar.


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