Pedaços de Alcongosta

Instantâneos da Terra da Cereja












Figura incontornável e um embaixador de Alcongosta ao longo dos últimos anos, o Ti Zé da Encarnação, nome pelo qual era conhecido José Mendes Martins, foi hoje a sepultar, aos 92 anos. Em terra de esparteiros e cesteiros, era em outros tempos apenas mais um dos artesãos da nossa terra a viver dessa actividade. Passou também pelo comércio da fruta e já sénior, quando a arte de trabalhar a palha estava a desaparecer e os mais velhos esparteiros deixavam de ter condições físicas de continuar, o Ti Zé da Encarnação, personagem afável, sempre disponível e comunicativo, começou novamente a dedicar-se ao esparto e a levar esta marca enraizada da nossa terra a feiras um pouco por todo o lado. 
Era o mais velho e o único em actividade permanente, mas não o último, já que há uma década, graças a um curso de formação ministrado por si, mais gente aprendeu a trabalhar o esparto. Podem não saber fazer as ceiras tão bem trabalhadas ou as peças mais ornamentadas, mas ganharam conhecimentos para fazer o básico e, a partir daqui, querendo, podem dar continuidade a um tipo de artesanato que corre o risco de desaparecer completamente. Esta semente faz parte do legado deixado pelo Ti Zé da Encarnação. Esperemos que haja o incentivo para que ela seja regada e cresça. 

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