Pedaços de Alcongosta

Instantâneos da Terra da Cereja





Do João Juno Rodrigues chegou uma pequena lição de história, sobre a presença da comunidade de cristãos-novos, os chamados marranos, em Alcongosta. São vários os vestígios deixados nas habitações onde moraram.
Já agora, mas alguém pode acrescentar algo acerca deste assunto? Eu posso dar uma pequena achega. No texto são referidos os nomes de família. O sobrenome de quem está ligado a elementos da natureza ou animais, como Oliveira, Pereira, Ribeiro, entre outros, provavelmente descende destes judeus obrigados a converterem-se ao catolicismo.

"Presença Judía em Alcongosta

Os Judeus foram uma parcela importante na população portuguesa ao longo dos séculos. Ora, em Alcongosta, também marcaram presença. Isso pode-se confirmar para além das típicas casas judias ainda existentes, na possível herança de alguns apelidos familiares e nas marcas dos cristãos-novos, maioritariamente cruciformes, nas padeeiras e humbrais de algumas habitações.

O desenvolvimento urbanístico de Alcongosta esteve, desde os primórdios da sua existência, ligado ao caminho romano que a atravessava e à zona envolvente à Igreja Matriz, e foi aí mesmo que os então judeus moravam. As artérias principais da época, segundo penso, eram a Rua do Vale, Praça, Rua da Fonte e Cimo do Povo, (entre outras) que acompanhavam o caminho romano.

Em 1496, D. Manuel, à semelhança dos reis católicos, ordenou a expulsão de todos os judeus de Portugal mas consciente de que a expulsão poria a economia do reino fragilizada, visto que era uma parcela populacional riquíssima, decide que poderiam permanecer em Portugal convertendo-se à religião católica, ordenando também o Baptismo de todos os filhos dos judeus e impossibilitou-os por várias formas de abandonarem o país.

Ora é desta medida manuelina, que nos aparecem um pouco por toda a beira as cruzes gravadas nas portas das casas onde habitavam os judeus, e Alcongosta não é excepção. Em várias casas aparecem esses símbolos da conversão forçada dos Cristãos Novos. Contudo muitas outras marcas poderão estar escondidas pelo reboco das casas e muita outras desaparecidas devido à falta de uma cultura de perservação da história das aldeias.

Algumas das casas onde podem ser vistas essas marcas: casa do Quim (praça), casa da Tasca do Levezinho (rua Dr Albino), casa sr Joaquim (frente à junta, típica casa quinhentista), casas atrás da Igreja...

Cumprimentos

João Nuno Rodrigues"

10 comentários:

Anónimo disse...

passei para informar que mudei de sitio onde continuo a contar com as vossas visitas

Anónimo disse...

O Luís Sérgio acho que é professor de história pode ser que ele saiba mais umas coisas sobre as marcas dos judeus em Alcongosta, achei interessante saber essa informação que desconhecia.

Anónimo disse...

Ola !
acabei agora de ler o que o Joao Nuno escreveu
e encontro bastante enteressante mas venho,( e peço desculpa ao Joao Nuno )dar so uma pequena informaçao, o simblo da CRUZ nao é judeio eles nao acreditam na Cruz nem em Jesus filho de DEUS
mas, para os judeos Jesus foi so um profeta como o Maomé o abrao Isac etc
A Cruz para eles nao Significa nada para a religiao deles !
os Judeios eu trabalho com eles praticamente todos os dias, sao umas pessoas com uma palavra
de homem quando dizem, fazem e para eles ( a maioria ) vale mais a palavra de um homem do que os escritos sao umas pessoas para negocios como nunca vi acho que ja nasceram com isso no corpo
era so uma pequna informaçao que eu quiz dar
obrigados por me terem lido
um abraço a voçes todos

Anónimo disse...

Obrigado ao Tó 39 o comentário da sua convivência com judeus. No entanto, do que fala o texto do João Nuno é dos judeus convertidos à força, para não serem expulsos do país e posteriormente devido à perseguição da Inquisição. Os chamados cristãos-novos ou marranos. Os símbolos cristãos (como cruzes ou peixes) na fachada das casas era justamente para mostrar à sociedade a conversão das famílias, ainda que no recato do lar, à socapa, continuassem a professar a sua religião.

Anónimo disse...

boas!
Obrigado ao Tó por comentar, agradeço.
Eu sei que a cruz é um simbolo tipicamente cristão, herdado do martírio de Cristo, que a trasformou de um simbolo de escárnio num simbolo de salvação para os cristãos.
O que quis dizer foi que os símbolos cruciformes foram usados para os próprios cristãos-novos se identificarem para não serem peseguidos.
Abraço e mais uma vez obrigado pelo comentário.

Anónimo disse...

Aproveito também para dizer que a segunda foto está fora de contexto, visto que nao é um símbolo judaico mas sim um jogo romano. E a treceira poderá ser uma marca de pedreiro, muito utilizadas nas grandes construções, onde os pedreiros eram pagos pelas peças que esculpiam ou moldavam, muitas destas marcas podem ser vistas na Sé catedral da Guarda. Esta está na casa do sr Luis (antigo café K4) na travessa do Rossio.

Cavalinho disse...

Se se fizesse um estudo aprofundado das características das casas ia-se ver que os sinais dos cristãos-novos em Alcongosta são mais que o que se pensa, muitos alcongostenses têm sangue marrano a correr nas veias como já foi dito
Era interessante alguém se interessar e descobrir mais informações sobre este tema. Até deixo uma sugestão: porque é que não se convida por exemplo a Antonieta Garcia, conhecida por estudar este assunto, a fazer uma conferência na nossa terra para ficarmos a conhecer melhor esta parte do nosso passado.

Anónimo disse...

Tenho familiares de raíz judaica, provenientes de Alcongosta e Penamacor. O apelidos deles é Matias Adão.


Se alguém tiver informações, agradecia qu eme contactasse através do seguinte email: duarte.sousa.pt@gmail.com

Poeta disse...

Isso é tudo treta... o camarada Saramago é que tem razão.
CAIM

R disse...

Acho que não há famílias com esses nomes em Alcongosta na actualidade, os únicos Matias que conheço vêm de fora

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