O sociólogo Adelino Pereira publica, este mês, na revista digital Notas de Circunstância, um artigo sobre os bebés abandonados pelas mães nas chamadas rodas, onde as parturientes podiam deixar anonimamente as crianças que, se não reclamadas pelos país até aos 7 anos, seriam criados por amas. A maioria dos chamados expostos acabava mesmo por morrer.
Alcongosta, a seguir ao Fundão, entre Julho de 1853 e Julho de 1854, era a localidade do concelho onde se registaram mais mais casos: 19.
No Livro de Índex dos Expostos, para registar “quem vem à Roda deste Concelho em cada ano económico”, entre Julho de 1853 e Julho de 1854, constam 215 registos, com os seguintes locais de exposição :
No Fundão, a diversidade e dimensão do acervo documental permitem inferir, que a realidade da infância abandonada e desvalida no concelho tem uma expressão deveras avassaladora, propícia à realização de uma investigação em profundidade. Uma centena de livros de registos de 1826 a 1933 que retratam bem o que foram esses anos de míngua de quase tudo, de pobreza visceral, de sofrimento e dor por todas as formas de exposição e de devassa. A Roda do Fundão (cuja localização em rigor, não nos é possível, por ora, demonstrar), como acontecera numa parte do distrito e do país, seria para muitos, demasiados, a última e derradeira esperança de sobrevivência.
Ao longo de anos, os poderes públicos e, de quando em vez, privados, seriam chamados a tentar suprir as abundantes carências dos expostos, das suas mães e das amas a quem eram entregues. Em 1841 [16] lança a Câmara uma derrama de quota de 974 300 reis para a sustentação dos expostos do concelho que, de acordo com o número de fogos, teve a seguinte distribuição :
Ler aqui Ao Redor da Roda dos Expostos.
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